segunda-feira, 11 de março de 2013

EU ETIQUETA

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permanência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
Carlos Drummond de Andrade

14 comentários:

  1. O texto '' EU ETIQUETA'' retrata as vezes um homen que quer vetir roupas que ele não gosta para parecer bem na soceidade e não ser julgado de forma preconceituosa até pelo tipo de roupa que ele usa e isso faz com que a sociedade é nos pensarmos que as roupas são mais importantes do que o jeito de ser.

    Gregoey Silva 3RA

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  2. A moda acaba sobressaindo-se muitas vezes sobre a identidade de pessoas que preferem ser julgadas e conhecidas pelo o que tem ou consomem, pois diversas vezes tentam esconder o que são atrás de uma moda ou marca, pois si mesmo não é atrativo suficiente.

    Victor Oliva 3°RA

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  3. Comprar se tornou "tudo", há equivalências que levam a dizer que "só se é feliz quem compra", oque não passa de propagandas para poder vender mais. Porém, nesta sociedade consumista, onde existem pessoas que compram só por impulso, o paradigma de compra é real e será impossível retirá-lo tao facilmente.

    Luis Eduardo 3ºRA

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  4. Hoje, aquele que não utiliza as roupas mais caras, de marcas, é considerado diferente. Elas já se tornaram quase um uniforme. E, é a partir delas que, muitas vezes, são tiradas as primeiras impressões sobre uma pessoa. Ou seja, a forma está sendo um critério mais importante para a sociedade, do que o próprio conteúdo do ser. A individualidade é estranha aos olhos de uma massa que aceitou tornar-se outdoors em menor escala.
    Ficou mais fácil ser aceito pela ostentação do que pelo caráter, pela personalidade e identidade.

    Ritchard Dagnese 3RA

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  5. Hoje em dia as pessoas preferem ter do que ser. Preferem ter roupas de marcas que as vezes nem gostam só para poder impressionar o resto da sociedade. Ao invés de serem pessoas de caráter e personalidade própria, preferem ser iguais ao resto, todas com os mesmos slogans estampados em suas vestimentas, com os mesmos cortes de cabelo e os mesmos estilos.

    Isabella Carvalho 3RB

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  6. A cada dia que passa é possível identificar cada vez mais que os valores mudaram, todos querem se encaixar em um grupo social a solidão nos assusta, ninguém quer ser o esquecido da sociedade, pensamos que o diferente será fortemente reprimido pelos que compõe o maior grupo, o grupo natural, o grupo de uma personalidade só.
    Passamos a nos preocupar menos com a opinião própria que cada um tem de si para se preocupar com a opinião dos outros sobre nós, você prefere gostar do que a maioria gosta do que preferir o que você realmente gosta. Usamos roupas com frases que não sabemos o significado só para impressionar os demais que também não sabem o significado e todo mundo se sente feliz e socialmente acomodado, a situação chega a ser tão bizarra que usamos nomes de homens em nossas roupas intimas que nem sabemos quem são, tudo para seguir o padrão ditado pelos grandes para você se sentir parte da sociedade que também é guiada pelos grandes.

    Caio Locatelli 3RB

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  7. Hoje o cidadão é julgado ou melhor dizendo catalogado pelas roupas que veste, pelos recursos tecnológicos dos quais utiliza.
    Mais do que nunca o texto "Eu Etiqueta" foi tao atual e significativo, em uma sociedade consumista, com um conceito de beleza padronizado, as marcas das roupas que vestimos são o que classificam o nosso caráter e competência.
    Querer estar na moda, ser aceito em um grupo, nos faz usar roupas que não gostamos, com mensagens que não compreendemos e que podem até ser o oposto daquilo que acreditamos.
    Não é errado tentar fazer parte de um grupo, mas não devemos nos tornar algo que não somos só por causa disso.

    Vitor Sardeiro Pereira 2RB

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  8. No mundo de hoje as pessoas são vistas como propagandas de marcas "ambulantes", com anúncios que estão em tudo o que vestimos, desde o tênis que calçamos até o nome da roupa que usamos. Isso gera um certo preconceito das pessoas quando olham as outras vestidas com marcas de roupas poucos conhecidas fazendo com que se tenha a visão de que quem usa roupas de marca, mais caras seja melhor e diferente do outro.

    Thiago Molina 2RB

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  9. A imagem se tornou a coisa mais importante para a sociedade, a ponto da pessoa deixar seus conceitos, seus pensamentos para trás só para se encaixar em um grupo, onde ela deve usar roupas de marca, aparelhos de última geração e consumir produtos que lhes deem status. Para serem aceitos na sociedade, as pessoas aderem a coisas que elas abominam e acabam deixando de ser elas mesmas, isso pelo fato de que nessa sociedade capitalista as pessoas se importam mais em impressoinar aos outros com o poder do consumo do que com o caráter, valores e princípios.
    Todos podem fazer parte de um grupo, mas devem achar o grupo certo, o grupo em que você se encaixa, um grupo de pessoas com idéias e não apenas por habitos de consumo parecidos, onde pessoas não se importam apenas com o que você tem, mas sim, quem você é.

    Leonardo M.P 2RB

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  10. Hoje em dia, e desde quando as roupas começaram a estampar o logotipo da marca, Todos que usam determinada camiseta esta sujeito a ser um "patrocinador" dessa marca, como camisetas da Nike, Adidas dentre muitas outras empresas.
    Como o texto acima diz "Eu sou anuncio" e "Eu é que mimosamente pago" retrata bom o estilo de vida das pessoas consumidoras, oque é inevitável.Oque nao pode acontecer é as pessoas deixarem o bem material a cima de tudo, porque assim voce vai estar sendo uma "ETIQUETA"

    Kaique Tavano 2RB

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  11. O texto ''EU ETIQUETA'' de Carlos Drummond de Andrade, refere-se a uma situaçao muito comum entre as pessoas, se referem aos produtos que hoje em dia divulgam sua marca, de todas as formas. Quanto mais caro, famoso e colorido for a marca, melhor.
    Atualmente, voce não compra um item pelo produto, voce compra um nome, voce está pagando pela marca, por um objeto que voce vai usar e que todos irão ver. E voce vai estar lá, fazendo a propaganda do nome da marca para todos, e divulgando gratuitamente.
    No mundo de hoje, os jovens se diferenciam dos que não possuem uma roupa cara, uma ''roupa de marca'', as pessoas acabam comprando uma roupa apenas para ser aceita na sociedade, para ser como as outras, para serem folder e banners de propaganda.

    Igor Kurachina 2RB

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  12. Vivemos numa sociedade capitalista, giramos em torno o capital. Se sua roupa não está na moda, seu penteado é esquisito, você acaba sendo excluso por conta do preconceito do próximo por não ser igual à todos os outros. As pessoas tentam tanto ser diferentes, que acabam sendo iguais, gostando das mesmas musicas, das mesmas cores, dos mesmos filmes...

    Kamilla Tavano 2RB

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  13. A sociedade que consome para participar de uma sociedade que é considerada, principalmente, pela mídia um povo de maior riquezas.
    um povo que mantém o consumo exagerado para que sejam todos iguais. roupas comuns, estilo comum. Um jeito eficaz de fazer a propaganda do produto, é utilizando-o e mostrando-o para as mais diversas pessoas do mundo.
    Uma sociedade capitalista, que vive do consumo.

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